Sandra Dodd
traduzido por Marta Venturini Machado (Marta Pires), the organizer of "Como em tudo, se uma família passa das regras (relativas à comida, liberdades, horários, o que vestir) para algo novo, vai haver uma espécie de ricochete, e, pensando em catapultas (ou em trabucos, ou num avião feito com elástico, ou noutro projéctil de prender-com-manivela vs. ...), quanto mais pressão tiver sido acumulada, mais longe aquela criança irá lançar o seu arremesso, se você o soltar todo de uma vez." -- Sandra Dodd Pam Sorooshian, dirigindo-se a alguém a cujo filho tinham sido "dadas liberdades alimentares", e que estava a comer tudo, para além das "suas refeições": "Você não está a conseguir pensar de forma clara e calma sobre a comida, e você mudou as coisas de repente, adoptando uma posição extrema. Você tentou saltar para onde estão os "unschoolers" de longa data, em relação à comida--você tentou saltar todo o processo para chegar lá. ISTO É IMPORTANTE, ó você que tentou entender o "unschooling" depressa demais e disse aos seus filhos "A partir de agora, podem fazer o que vos apetecer". Alguém escreveu de forma pensada (sobre a ideia das crianças pularem nos sofás das outras pessoas), no fórum "Always Learning": Eu acho que algumas pessoas, no seu caminho para melhor entender o "unschooling" e pô-lo em prática, pensam que não há problema do seu filho fazer praticamente tudo. Eles acreditam que se a criança "quer" fazê-lo, então devem acompanhá-la.
A: dizer "sim" centenas de vezes, de uma forma alegre e surpreendente-para-os-miúdos, quer seja sobre se podem ficar a pé até mais tarde, ou se podem comer outra bolacha, ou se podem ir visitar os vizinhos, ou se podem saltar do alpendre. Dizer "SIM!" é uma grande excitação para as crianças a quem foi dito milhares de vezes "não". B: dizer, a crianças a quem foi dito toda a vida que o "não" era bom para eles e que era a única coisa entre eles e o inferno ou a prisão (ou ambos), "Ah, mudei de ideias. Faz aquilo que quiseres!" A equivale a meses de divertimento, o que resulta numa confiança mútua e alegria crescentes. B equivale a uma sensação assustadora de que "a mãe enlouqueceu ou então já não nos ama mais", resultando num frenesim de "quebrar as regras"--a fazer tudo aquilo que era proibido anteriormente, como se não houvesse amanhã, porque as crianças acham que, no que toca a liberdades, não existe o amanhã--as restrições podem voltar a qualquer momento, por isso, eles ficam acordados a comer e a ver programas de televisão ranhosos durante horas e HORAS, porque eles nunca tinham tido oportunidade de fazer escolhas antes e são muito maus nisso. Houve pais que chegaram a este fórum de discussão e disseram isto de outra forma: "Ok, eu disse aos meus filhos que nós estávamos a fazer "unschooling" agora e que, por isso, não havia regras. Eles estão a saltar por todo o lado como macacos e estão a endoidecer e o meu marido quer deixar-me e a minha mãe vai chamar a polícia. Eu disse-lhes que há muitas pessoas que o fazem e que é perfeitamente legal. E agora o que é que eu faço?" Eeeeek. PRIMEIRO leiam e entendam e tenham uma noção realista dos princípios e comecem a dizer "sim" aos vossos filhos por razões sensíveis e boas e generosas que vocês compreendem. Mantenham os vossos filhos longe do mobiliário das outras pessoas durante e depois do vosso processo de "deschooling". Sandra Pam Sorooshian, com um follow-up feito pela Leah Rose, escreveu no fórum de discussão "Always Learning", em Julho de 2010: Pam: Uma das frases que me ajudou em relação a este assunto foi dizer "Bem, OU podemos experimentar..." (preencher o espaço em branco). Isto era algo que eu tenho dito dentro da minha cabeça, a mim própria, várias vezes. Foi uma forma de fazer com que pensasse em alternativas que eram boas para experimentar. Parece demasiado simples, mas sobrepôs-se às outras vozes na minha cabeça que diziam coisas como "O jantar de família à mesa é importante". Eu respondia com "Bem, OU podemos experimentar..." e então o meu cérebro preenchia o espaço em branco com outra coisa qualquer--como, por exemplo, "Bom, OU podíamos experimentar comer na garagem enquanto ele trabalha no carro dele". (ou o que quer que seja que ele esteja a fazer lá dentro). Estar aberto a novas experiências foi mais fácil do que mudar subitamente para algo novo--talvez seja uma linha ténue, mas experimentar algo novo parecia ser muito menos arriscado do que mudar por completo. A Joanna Murphy escreveu no "Always Learning", em Maio de 2009: O maior erro que cometi ao passar para o "radical unschooling" foi não ter feito a passagem. Pensava que tinha de fazer um anúncio sobre os horários de dormida e sobre a comida. Não era preciso de todo. Agora, muitos anos depois, vejo que eu apenas precisava de mudar a MINHA visão sobre a forma de os apoiar e facilitar as suas vidas--e depois fazê-lo. Nós ainda estamos no processo de "deschooling" e isto ainda é tudo muito novo para nós, mas baseando-me naquilo que foi partilhado, gostava de partilhar a nossa experiência também. Eu não disse aos meus filhos "não existem mais tarefas domésticas". Mas comecei a fazer mais das suas tarefas por eles e, sempre que via situações em que eles estavam tensos ou stressados, eu entrava em campo e tentava aliviar a tensão, fosse por que meio fosse. As mudanças que eu tenho visto em tão pouco tempo têm sido espectaculares. O meu filho e a minha filha também têm tido a sua quota de discussões e o meu filho andava a exibir comportamentos cada vez mais agressivos para com a minha filha. O meu filho já não abraçava a minha filha há meses... talvez há um ano ou mais. Tudo isso está a mudar completamente. Ele abraça-a quase diariamente. A Izzy disse-me hoje à noite, "Mamã, eu estou mesmo a começar a gostar da personalidade do Darius." A única coisa a que posso atribuir esta mudança é ao caminho que estamos a fazer na direcção do "radical unschooling". Consigo perceber que estão muito mais felizes e menos stressados, e isto tem afectado tudo. Ontem à noite, trabalhámos todos juntos para organizar a casa e limpar tudo para a noite. Nem pensámos a quem pertenciam que tarefas ou a quem pertenciam as coisas que estávamos a limpar/arrumar. Limitámo-nos a colaborar todos onde víamos que havia necessidades e foi lindo. Eles gostaram mesmo de trabalhar em equipa. Ainda estamos muito no início, mas eu estou a adorar a paz e a alegria que estamos a experienciar.
Isto é a maior parte de algo que eu escrevi a uma amiga mais nova que tem quatro filhos e questões com a comida: Em vez de apenas ires do ponto de "muito controlo" ao "faz o que quiseres", uma forma muito amorosa de o fazer é fazê-lo depressa mas gradualmente. Depressa na tua cabeça, mas não de repente na cabeça deles. Permite-te simplesmente dizer "ok" ou "claro!" de todas as vezes que não venha a ser um problema. Se há algo que não vai magoar nada (andar descalço, usar um casaco laranja com um vestido cor-de-rosa, comer um donut, não vir para a mesa jantar porque está a meio da melhor parte do jogo/programa/filme, ir para a cama mais tarde, dançar), podes dizer simplesmente "ok." E depois, em vez de dizeres "Não estás contente que eu te tenha deixado fazer aquilo? Não estejas à espera que aconteça sempre", podes dizer algo que seja um reforço para ambos, como, por exemplo, "Isso pareceu muito divertido", ou "Soube-me melhor dizer sim do que dizer não. Eu devia dizer 'sim' mais vezes", ou algo mais conversacional mas real. O objectivo é ajudá-los a passarem com mais facilidade dos padrões de controlo para uma abordagem mental do processo de tomada de decisão baseada no momento e no apoio. Se eles quiserem fazer alguma coisa e tu disseres que sim de uma forma pouco habitual (pouco habitual para eles), a comunicação vai ajudar. Deste modo, eles vão saber que quiseste mesmo dizer sim, que não foi um acaso feliz ou que estavas demasiado distraída para reparar no que eles estavam a fazer. |